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Uma Escola Livre de Plágio

 

      Fundamentos e dimensões da abordagem

 

      Uma consulta rápida aos critérios de avaliação dos diferentes disciplinas/níveis de ensino publicados na página da Escola Secundária de Vila Verde (https://esvv.edu.pt/alunos/criterios-de-avaliacao/#1487946244595-9bfba954-a94f) mostra-nos que os trabalhos dos alunos (por vezes referidos como “trabalhos de pesquisa”, “trabalhos diversos”, “trabalhos individuais e em grupo”) são um instrumento de avaliação transversal a todas as disciplinas dos diferentes currículos. Estes “trabalhos” enquadram-se, de uma forma geral, no âmbito do «Trabalho autónomo», tal como o define a alínea d) do ponto 4 da Resolução do Conselho de Ministros nº 53-D/2020: «Trabalho autónomo», aquele que é definido pelo docente e realizado pelo aluno sem a presença ou intervenção daquele. Também neste documento, que estabelece medidas para a organização do ano letivo 2020-2021, podemos ler, na alínea e) do ponto 12, a seguinte determinação: O trabalho autónomo deve ser desenvolvido mediante orientações dos docentes das respetivas disciplinas ou UFCD, podendo eventualmente ser coadjuvado por uma equipa de docentes constituída para esse efeito, sendo realizado com recurso, entre outros, a ferramentas e recursos digitais.

     Esta proposta de trabalho vai ao encontro do  plano de Melhoria da Biblioteca Escolar da ESVV traçado para o biénio 2019-2021 (Domínio A - Currículo, Literacia e Aprendizagem), no qual está expressa a necessidade de consolidar a “articulação com os docentes no apoio ao desenvolvimento do currículo [que] deverá ser ainda mais abrangente” e  o “desenvolvimento de ações promotoras do uso da informação e dos media, fora da sala de aula, em articulação curricular com as várias disciplinas, [que] não é tão frequente como seria desejável.” Tendo, ainda, em consideração o documento Prioridades 2020.21 para as Bibliotecas Escolares, publicado pela RBE (https://rbe.mec.pt/np4/2594.html), faz todo o sentido desenvolver uma linha de ação que dinamize o apoio a alunos ou grupos de alunos na realização de trabalhos de pesquisa no espaço (físico ou virtual) da Biblioteca Escolar, que pode, inclusivamente, apresentar-se como um mecanismo de promoção da igualdade e equidade. Esta necessidade é coerente com o documento basilar da escola portuguesa atual, O Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória, uma vez que o trabalho autónomo é um dos instrumentos de avaliação formativa das aprendizagens que desenvolve a literacia para os media, que contribui para a consolidação de um cidadão «capaz de pensar crítica e autonomamente, criativo, com competência de trabalho colaborativo e com capacidade de comunicação» (página 15) e, ainda, que traz à discussão uma questão ética importante que se prende com o respeito pela propriedade intelectual. O documento referido explicita de forma clara (página 17) a necessidade de se trabalhar com os alunos valores de responsabilidade e integridade («Respeitar-se a si mesmo e aos outros; saber agir eticamente, consciente da obrigação de responder pelas próprias ações; ponderar as ações próprias e alheias em função do bem comum.»). Ora, a realização de trabalhos de pesquisa, já prática da escola nos anos transatos e agora reforçada como instrumento de avaliação das aprendizagens, levanta um problema cuja resolução tem vindo a ser adiada e que deve ser uma preocupação primeira para a Biblioteca Escolar: o plágio.

Assim, a ação que a BE se propõe dinamizar constrói-se nestes dois focos: autonomia e rigor ético. O recurso sistemático ao plágio (vulgo copy-past) deve-se, no nosso entender, a duas razões principais:

  1. Falta de autonomia na construção do pensamento e do discurso. Na verdade, para muitos dos alunos, porque isso lhes é mais fácil, estudar é memorizar e é preferível comodamente reproduzir discursos e pensamentos alheios do que construir um pensamento e saber próprios, ainda que construídos sobre uma base criteriosa de informação.

  2. Falta de saber fazer: saberá um aluno fazer outra coisa que não copy-past? O tratamento crítico da informação exige também uma aprendizagem e o recurso a estratégias que forcem o aluno a escrever o seu próprio texto, recorrendo, por exemplo, exercícios afins dos que se dinamizam no âmbito da escrita criativa. 

    O trabalho com alunos (individualmente ou em grupo) seria, assim, desenvolvido por um grupo de professores de diferentes disciplinas, a quem caberia coadjuvar na realização dos trabalhos dos alunos, sob orientação dos professores que os solicitassem. Esta tipologia de ação está, aliás, prevista de forma inequívoca no documento da RBE, já referido, que define as «Prioridades para as Bibliotecas Escolares 2020.21», nomeadamente nos seguintes itens (cita-se):

  • Disponibilizar momentos formativos (presenciais e/ou não presenciais) para pequenos grupos, com vista ao desenvolvimento de um currículo digital mínimo que permita promover competências básicas para o uso de ferramentas e plataformas digitais.

  • Criar momentos de apoio presencial ou a distância, com o objetivo de dar resposta às necessidades dos alunos no que respeita ao acesso a recursos de vária ordem.

  • Colaborar com os professores, na definição e implementação de estratégias e metodologias ativas, que permitam abordar conteúdos a partir de atividades de pesquisa e/ou de gamificação e fazer diferenciação pedagógica.

Planificação das atividades

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